XXVIII domingo do Tempo Comum
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A dificuldade em agradecer aparece também no Evangelho: dos dez leprosos curados, apenas um volta atrás para agradecer a Jesus. É aquele que se reconheceu curado (cf. Lc 17,15). É preciso respeito (no sentido etimológico de olhar para trás: respicere) para alcançar o reconhecimento do que aconteceu e consequentemente a gratidão. Olhar para trás é também um trabalho de memória e esta é parte integrante da Eucaristia como do gesto humano da gratidão. Damo-nos conta, muitas vezes, já depois de muito tempo, daquilo que devemos a pessoas que encontrámos no passado e que deixaram em nós marcas importantes. O Samaritano soube reconhecer-se curado, soube criar uma distância entre si e si e reconhecer o que veio até ele do Senhor. Entrou na salvação voltando atrás, mudando de estrada, ou seja, impondo a si próprio um movimento de conversão. Caminhar para Jesus sem ir ao Templo, aos sacerdotes, para que a cura seja confirmada, significa confessar que a presença de Deus encontrou em Jesus o seu templo, a sua manifestação: é agradecendo Jesus que o Samaritano glorifica Deus (cf. Lc 17,18). E Jesus pronuncia o oráculo da salvação nos seus encontros: “Levanta-te e vai. A tua fé te salvou” (Lc 17,19). O verdadeiro culto está na relação com o Senhor Jesus Cristo: é diante d'Ele que o Samaritano se prostra e dá graças.