XVII Domingo do Tempo Comum
A experiência de quem encontra um tesouro e vende tudo por ele é, na verdade, a experiência de quem sente a Palavra de Deus que lhe diz: "Visto que és precioso aos meus, que te estimo e te amo, entrego reinos em teu lugar, e nações em vez da tua pessoa” (Is 43,4). É este amor o segredo da alegria da radicalidade de uma vida cristã, é este amor o bem precioso a guardar e salvaguardar, é este amor do Senhor e pelo Senhor que pode renovar vidas ameaçadas pela velhice, cansaço, insensibilidade, cinismo e indiferença. A nós que, na oração, dizemos ao Senhor "Tu és o meu Deus, és o meu bem e nada existe acima de ti" (Sal 16,2) e ainda “Por isso o meu coração se alegra e a minha alma exulta” (Sal 16,9), é pedido que nos examinemos, que nos ponhamos à prova para ver se Cristo habita, de facto, em nós (cf. 2Cor 13,5). E isto porque nós habitamos lá, onde está o nosso tesouro: é o tesouro que nos coloca, que nos situa. Se Cristo habita em nós, nós habitamos em Cristo e então podemos regozijar-nos de uma alegria indescritível no caminho para o Reino. Temos apenas de redescobrir em cada dia, a preciosidade do dom recebido, combatendo a tentação do banal, do previsto, do "tudo é devido".
O homem que encontrou a pérola no campo e o negociante que encontrou a pérola de grande valor estão unidos pela mesma coragem, talvez um pouco louca e imprudente (vender tudo para comprar uma coisa só), de ousarem a alegria. A preciosidade de uma coisa e de uma pessoa é correspondente/ relativa à alegria que suscita em nós. A escolha dos protagonistas das duas parábolas, assemelháveis à radicalidade cristã (cf. Mt 19,21: “..vai, vende o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu; depois vem e segue-me”), acontece na alegria da descoberta, prossegue na alegria de procurar o bem precioso e mantém-se na alegria, até no momento da venda de tudo, da privação daquilo que possuiam. Mas, e sobretudo, a escolha que ambos fizeram é promessa de alegria para o futuro. Ao contrário do que acontece ao jovem rico que permanece na tristeza (cf. Mt 19,22).
LUCIANO MANICARDI
Comunità di Bose
Eucaristia e Parola
Testi per le celebrazioni eucaristiche - Anno A
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