Síntese e fotos do 11 de Setembro

A manhã do terceiro dia foi dedicada à experiência concreta da misericórdia e do perdão na vida da igreja e na vida dos santos. Após as habituais saudações, abriu-se a sessão com a conferência do bispo Grigorios di Mesaoria (Igreja de Chipre). Quanto mais um homem vive na presença de Deus que é amor (1 Jo 4,16) – disse Grigorios –, mais ama o seu próximo. E quem ama o seu próximo vive feliz, em humildade e plenitude. A capacidade de relação do homem, no interior da igreja, é um dom do Espírito Santo e é também uma tarefa, um mandamento de Deus para cada cristão. Natalija Bolšakova (Moscovo), a quem foi confiada a segunda intervenção da manhã, apresentou a vida do p. Aleksandr Men’, pondo à luz a sua actividade pastoral radicada na Palavra de Deus: numa sociedade completamente sovietizada, ele soube encarnar a compaixão de Deus e oferecer ajuda e cura espiritual a quem se confiava à sua orientação. A terceira conferência, realizada pelo abade-bispo Epiphanios do mosteiro de são Macário (Egipto), traçou a vida doutra grande figura do cristianismo contemporâneo, o abade Matta el Meskin: ele viveu possuído pela convicção evangélica de que o amor é superior a tudo, mesmo à verdade, e que tomar a iniciativa da reconciliação corresponde sempre à parte ofendida. A quem lhe perguntava se os católicos e protestantes entrariam no Reino de Deus, ele respondia: “Nem os católicos nem os protestantes e nem sequer os ortodoxos entrarão no Reino de Deus, entrarão apenas aqueles que forem novas criaturas em Cristo Jesus”.

À reconciliação entre as igrejas foi dedicada a última conferência da manhã, feita pelo Metropolita Maximos di Sylivrias (Patriarcado ecuménico de Constantinopla) que falou do Tomos agapis, o volume que reúne a troca de correspondência e textos do chamado "diálogo da caridade" entre o papa Paulo VI e o patriarca ecuménico Athenagoras: é um extraordinário testemunho de como o Espírito Santo pôde (e pode ainda hoje) conduzir as igrejas numa situação de isolamento e de auto-suficiência até à redescoberta da comunhão recíproca e da sua condição de "igrejas irmãs"; tudo isto transmite ao nosso mundo individualista uma mensagem profundamente actual.

A tarde foi consagrada a uma mesa-redonda sobre o tema "Misericórdia e perdão entre as igrejas". O diálogo foi moderado por Krastu Banev, jovem teólogo de origem búlgara e actualmente professor na Universidade de Durham (Inglaterra). Participaram o arcebispo católico Antonio Mennini (núncio apostólico no Reino Unido), o Metropolita Filaret de Leópolis (Ucrânia, Patriarcado de Moscovo), o p. Adam Makarian (Arménia, Patriarcado de Etchmiazin) e o reconhecido teólogo grego Christos Yannaras (Atenas). Após aprox. meia-hora de troca de ideias entre os participantes da mesa-redonda, na qual foram abordados os temas da reconciliação, da purificação da memória, do papel da história na divisão entre as igrejas e o actual diálogo ecuménico, e a educação das novas gerações, a discussão foi aberta à participação do público presente no auditório.

Metropolita Seraphim de Angola e Zimbabwe (Patriarcado greco-ortodoxo de Alexandria) exprimiu na sua intervenção uma breve ideia conclusiva da discussão: “Não viemos aqui para prometer melhorias. A nossa missão é apenas promover a palavra do Evangelho e o papel fundamental que nela têm a misericórdia e o perdão”.