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O grão de trigo que morre e dá fruto

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Sophie Munns, Omagio ai semi, 2013
Sophie Munns, Omagio ai semi, 2013
V domingo da Quaresma, ano B
Jo 12,20-33
Reflexão sobre o Evangelho por Enzo Bianchi

 

Naquele tempo, alguns gregos que tinha vindo a Jerusalém
para adorar nos dias da festa, foram ter com Filipe, de Betsaida da Galileia,
e fizeram-lhe este pedido: «Senhor, nós queríamos ver Jesus».
Filipe foi dizê-lo a André; e então André e Filipe foram dizê-lo a Jesus.
Jesus respondeu-lhes:
«Chegou a hora em que o Filho do homem vai ser glorificado.
Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só; mas se morrer, dará muito fruto.

Quem ama a sua vida, perdê-la-á, e quem despreza a sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna.
Se alguém Me quiser servir, que Me siga, e onde Eu estiver, ali estará também o meu servo.
E se alguém Me servir, meu Pai o honrará. Agora a minha alma está perturbada. E que hei-de dizer? Pai, salva-Me desta hora? Mas por causa disto é que Eu cheguei a esta hora. Pai, glorifica o teu nome».

Tal como no domingo passado, também o trecho do Evangelho segundo João previsto pela liturgia da Igreja para hoje nos apresenta uma reflexão sobre a Paixão e a morte de Jesus. 

O contexto é o da terceira e última Páscoa vivida por Jesus em Jerusalém, quando os Sumo-sacerdotes decidiram condená-Lo à morte(cf. Jo 11,53), e o da sua entrada messiânica na cidade santa aclamado pela multidão (cf. Jo 12,12-19). Como acontecia em todas as grandes festas, também estavam Gregos em Jerusalém (héllenes), não Hebreus, pagãos, que por certo já tinham ouvido falar de Jesus, do seu caráter profético, da sua autoridade quando se dirigia às pessoas. Jesus conheceu algum sucesso o que lhe granjeou fama assim como acérrimos inimigos. O seu sucesso inquietou sobretudo os homens religiosos, desejosos de travar e extinguir o movimento iniciado com a pregação de Jesus. Ainda há pouco tinham dito: “Olhai como toda a gente se foi com Ele!” (Jo 12,19), pedindo que se fizesse qualquer coisa em relação a Jesus, que se resolvesse a questão de uma vez por todas.

Os pagãos que estavam em Jerusalém, interessados em encontrar Jesus, aproximam-se de Filipe (o discípulo que tem um nome grego, originário de Betsaida da Galileia, cidade habitada por muitos gregos) e dizem-lhe: “queríamos ver Jesus”. Isso não é fácil porque um Rabino, de acordo com a Lei e com as regras de pureza, não se deve encontrar com pagãos. Filipe, titubeante, di-lo a André, o discípulo mais íntimo de Jesus, o primeiro a ser chamado de acordo com o quarto Evangelho (cf. Jo 1,37-40); depois, juntos, os dois decidem falar com  Jesus. Jesus escuta-os e, na sua capacidade de ler e refletir sobre os acontecimentos, percebe que aquele pedido corresponde a uma profecia que diz respeito aos pagãos. Também eles podem, portanto, ser seus discípulos, crer n'Ele e fazer parte da sua comunidade.

A sua vida está a chegar ao fim, a morte foi decretada pela legítima autoridade da comunidade religiosa, da sua "Igreja", mas Jesus vê para além da morte; mais, consegue ver na sua morte uma fecundidade inaudita: “Chegou a hora em que o Filho do homem vai ser glorificado”. A hora da morte na cruz é a hora da glória, da Epifania do seu amor vivido até ao extremo por todos os homens (cf. Jo 13,1). Aquela hora de que falara à mãe em Caná: “A minha hora ainda não chegou” (Jo 2,4), aquela hora que tinha anunciado como próxima e que desejava, aquela hora que era "a sua hora" (Jo 7,30; 8,20), chegara finalmente. Esta é a hora decisiva, que marca o início de um novo tempo para a fé, para a adoração de Deus (cf. Jo 4,21.23), para a salvação dos mortos e dos vivos (cf. Jo 5,25-29).

Para revelá-la Jesus recorre a uma analogia, pronunciada com autoridade: “Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só; mas se morrer, dará muito fruto.” Eis a necessitas da paixão e morte, da cruz. A sua morte é uma semente que deve cair na terra, ser enterrada, morrer como semente e dar origem a uma nova planta que multiplica a semente na espiga que produz. Jesus explica assim a própria morte e revela que também para nós, homens e mulheres que o queremos seguir, é necessário morrer, cair por terra e desaparecer para dar fruto. É uma lei biológica mas é também o sinal de uma vida espiritual. A verdadeira morte é a esterilidade de quem não dá, de quem não gasta a sua vida mas que quer conservá-la ciosamente, enquanto dar a vida até à morte é a via da vida abundante, para nós e para os outros. O cristão que quer ser servo do Senhor, que diz que O ama, deve acolher esta morte, aceitar esta queda, abraçar este desaparecimento. E então não estará só, mas terá Jesus a seu lado, será precedido por Ele que o levará até onde Ele está, no seio de Deus, na vida eterna. 

Com esta fé, com esta convicção Jesus, ainda que perturbado pela morte eminente, sabe dizer “amen”, sabe dizer “sim” àquela hora que é a sua. Por isso, a oração de Jesus que nos sinópticos é: “Abba! Pai! Tudo te é possível; afasta de mim este cálice!” (Mc 14,36; cf. Mt 26,39; Lc 22,42), no quarto Evangelho torna-se um grito de vitória: “por causa disto é que Eu cheguei a esta hora” e uma invocação: “Pai, glorifica o teu Nome”. E, eis que, em resposta desce do céu uma voz como promessa e selo: “Já a manifestei e voltarei a manifestá-la!”. É a voz do Pai que confirma ao Filho, Jesus, que aquela hora da cruz é a hora da glória. Por isso Jesus pode exclamar: “agora vem o juízo do mundo; agora o príncipe deste mundo é dispensado". E eu, quando for erguido ao alto, como a serpente elevada por Moisés (cf. Nm 21,4-9; Jo 3,14), “atrairei todos a mim”.

Todos, Judeus e Gregos, todos atraídos por Ele poderão vê-Lo, na cruz, enquanto dá a vida pela humanidade inteira. É esta a resposta de Jesus a quem O quer ver!